Millena Lízia

 

 

Millena Lízia é uma pessoa vivendo este mundo em busca de uma caminhada com dignidades e saúdes. Busca as simplicidades, pois as coisas mais banais lhe chegam com camadas de desafios e complexidades. Dentre suas formações institucionalizadas estão a pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (2018) pela Universidade Federal Fluminense, o curso de Montagem Cinematográfica e Edições de Vídeos (2012) pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro e a graduação em Design Gráfico pelo Instituto Federal Fluminense (2009). Vem colaborando desde 2011 com diversos encontros, produções, rodas, exposições coletivas e proposições educativas. É pesquisadora e artista contemporânea-ancestral-pra-depois-do-ano-2000, que assim vem se organizando desde as agitações diaspóricas das experiências pictóricas-epidérmicas vividas – apenas mais uma forma possível de apresentação, que deseja apontar que seu campo de atuação se faz na existência, nas relações, nos deslocamentos, nos enfrentamentos e nas fugas a partir da produção de imaginários.

Golpes, aumento da pobreza extrema, reforma trabalhista, intervenção militar, desmontes da educação pública e de programas de ações afirmativas, aumento do assassinato de negr_s enquanto há uma diminuição das taxas de homicídio de branc_s, execução de universitári_s atravessad_s pelas dissidências raciais e de gênero fora e dentro do campus universitário, toda sorte de obliterações simbólicas e de desgaste da vida. Diante de tais circunstâncias, de tantas vulnerabilidades, certamente não são perguntas como o que é arte?o que é o objeto de arte?o que é arte contemporânea? ou como fazer arte? que vêm tomando as energias de toda uma população que nas últimas décadas se viu em mobilidade social e ocupando espaços de poder que antes lhes eram privad_s, mas, sim, como produzir vida?, pois nos tempos em que vivemos é a luta por nossas existências e a constatação de nossas fragilidades que acabam por se tornar nossas urgências. Que desenhos essas condições de risco vem produzindo? E que linhas de fuga?

Interessa para a proposição de Millena Lízia no Capacete promover encontros regulares com artistas e pesquisador_s no campo das artes visuais (e áreas afins) cujas existências estão atravessad_s pelas colonialidades no intuito de fortalecer redes, de pensar em estratégias de manutenção e resistência nos espaços historicamente elitizados, de voltarmos nossas atenções para nossas saúdes, de trocarmos pesquisas, de estreitarmos laços, de conhecermos nossas produções, de pensarmos nos diálogos que nossas produções realizam e de responder, quem sabe, com proposições estéticas esses encontros, sabendo que é a luta pela vida, em toda sua potência, o nosso principal foco.

 


Millena Lízia

 

 

 

Millena Lízia is a person living this world in search of a walk with dignities and health. She seeks the simplicity, because the most trivial things come to her with layers of challenges and complexities. Among her institutionalized backgrounds are the postgraduate degree in Contemporary Arts’ Studies (2018) from the Universidade Federal Fluminense, the Film and Video Editing course (2012) from the Escola de Cinema Darcy Ribeiro and the Graphic Design degree from the Instituto Federal Fluminense (2009). She has been collaborating since 2011 with various meetings, productions, talks, collective exhibitions and educational propositions. She is a researcher and contemporary-ancestor artist-after-the-2000-year, which has been organized since the diasporic agitations of pictorial-epidermic lived experiences – just another possible way of presentation, which wants to point out that her field of action is in existence, in relationships, displacements, confrontations and escapes since the the imaginary production.

Coups, rising extreme poverty, labor reform, military intervention, dismantling of public education and affirmative action programs, increasing black murder while there is a decrease in white homicide rates, execution of university students across racial and gender differences outside and inside university campus, all sorts of symbolic obliterations and waste of life. Faced with such circumstances, of so many vulnerabilities, surely are not questions such as what is art?, what is the art object?, what is contemporary art? or how to make art? that have been taking the energies of an entire population that in recent decades has seen itself in social mobilities and occupying spaces of power that previously were deprived for them, but, instead, how to produce life?, because in this times in which we are living is the struggle for our existence and the understanding of our fragilities that mark our urgencies. What kind of designs have these risky conditions been produced? And what are the escape lines?

Millena Lízia’s proposal at Capacete is interested in promoting regular meetings with artists and researchers in the field of visual arts (and related areas) whose existences are crossed by colonialities in order to strengthen networks, to think about strategies of maintenance and resistance in historically elitist spaces, to back our attention to our health, to exchange research, to strengthen ties, to interchange our productions, to think about the dialogues that our productions make between them and to answer, perhaps, with aesthetic propositions these meetings, knowing that it is the struggle for life, in all its power, our main focus.