Chás de verão >> Nacional Trovoa

Chá de Verão — Críticas Coletivas ///  

Os Chás de Verão Trovoa estão de volta, dessa vez no espaço do Capacete e com um formato direcionado para conversas dedicadas a olharmos criticamente para os trabalhos umas das outras, afim de que possamos juntas evoluir em nossas poéticas e linguagens. A proposta é que a troca é a construção de discurso sobre nossas pesquisas seja confortável para todas e construída de maneira coletiva. Dessa forma, convidamos todas as artistas racializadas que se sintam a vontade para trazer um trabalho (original, impresso, ou em formato digital) para conversamos sobre nossa arte sem interferências brancas ou masculinas ✨ enquanto beliscamos e nos refrescamos ???  

“A ideia da Nacional Trovoa teve seu início em março de 2019 com quatro artistas, mulheres racializadas, cada uma delas refletindo sobre a presença de seus corpos no mundo. São mulheres negras, não-brancas, todas envolvidas com a construção da arte. Elas vêm de uma movimentação que chama a atenção para a falta de visibilidade, espaço, remuneração, ou seja, para o contexto da mulher racializada artista. 

A discussão cresceu e resultou em um coletivo como espaço de trocas possíveis, como diz a carta-manifesto do projeto: “Somos um grupo de artistas e curadoras que se reuniu com a intenção de fazer uma mostra nacional de artes visuais produzidas por mulheres negras e não-brancas. Percebemos a necessidade de falar e mostrar nossa pluralidade de linguagens, discursos, pesquisas e mídias produzidas por nós enquanto mulheres racializadas”. 

(Texto por Keyna Eleison, curadora independente e integrante do Nacional Trovoa, publicado em http://amlatina.contemporaryand.com/pt/editorial/projeto-trovoa/) 

Fotografias por Loli Brito. @ondadouro

apoio: @sui


Millena Lízia

 

 

Millena Lízia é uma pessoa vivendo este mundo em busca de uma caminhada com dignidades e saúdes. Busca as simplicidades, pois as coisas mais banais lhe chegam com camadas de desafios e complexidades. Dentre suas formações institucionalizadas estão a pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (2018) pela Universidade Federal Fluminense, o curso de Montagem Cinematográfica e Edições de Vídeos (2012) pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro e a graduação em Design Gráfico pelo Instituto Federal Fluminense (2009). Vem colaborando desde 2011 com diversos encontros, produções, rodas, exposições coletivas e proposições educativas. É pesquisadora e artista contemporânea-ancestral-pra-depois-do-ano-2000, que assim vem se organizando desde as agitações diaspóricas das experiências pictóricas-epidérmicas vividas – apenas mais uma forma possível de apresentação, que deseja apontar que seu campo de atuação se faz na existência, nas relações, nos deslocamentos, nos enfrentamentos e nas fugas a partir da produção de imaginários.

Golpes, aumento da pobreza extrema, reforma trabalhista, intervenção militar, desmontes da educação pública e de programas de ações afirmativas, aumento do assassinato de negr_s enquanto há uma diminuição das taxas de homicídio de branc_s, execução de universitári_s atravessad_s pelas dissidências raciais e de gênero fora e dentro do campus universitário, toda sorte de obliterações simbólicas e de desgaste da vida. Diante de tais circunstâncias, de tantas vulnerabilidades, certamente não são perguntas como o que é arte?o que é o objeto de arte?o que é arte contemporânea? ou como fazer arte? que vêm tomando as energias de toda uma população que nas últimas décadas se viu em mobilidade social e ocupando espaços de poder que antes lhes eram privad_s, mas, sim, como produzir vida?, pois nos tempos em que vivemos é a luta por nossas existências e a constatação de nossas fragilidades que acabam por se tornar nossas urgências. Que desenhos essas condições de risco vem produzindo? E que linhas de fuga?

Interessa para a proposição de Millena Lízia no Capacete promover encontros regulares com artistas e pesquisador_s no campo das artes visuais (e áreas afins) cujas existências estão atravessad_s pelas colonialidades no intuito de fortalecer redes, de pensar em estratégias de manutenção e resistência nos espaços historicamente elitizados, de voltarmos nossas atenções para nossas saúdes, de trocarmos pesquisas, de estreitarmos laços, de conhecermos nossas produções, de pensarmos nos diálogos que nossas produções realizam e de responder, quem sabe, com proposições estéticas esses encontros, sabendo que é a luta pela vida, em toda sua potência, o nosso principal foco.