Quarta 29 Junho – 19h
A Ferida Colonial Ainda Dói é um projeto de performance iniciado em Veneza (ITA) no ano de 2015 durante a Residência Nomádica Transnational Dialogues. A primeira performance foi realizada no dia 11 de Outubro de 2015, véspera do Dia da Dor Colonial, e consistia na re-inscrição de algumas fronteiras geopoliticamente dominantes (EUA, U.E., BRICS, Israel) com meu sangue sobre um mapa-mundi. Na ocasião, estava em jogo a materialidade do meu próprio corpo racializado em seus trânsitos políticos pelo território europeu. Me interessava, ali, evidenciar uma crítica às fronteiras (especialmente àquelas situadas em territórios geopolíticamente dominantes) como instituições que atualizam o registro da colonialidade no presente imediato do mundo chamado “pós-colonial”.
Para esta nova ocasião, no Rio de Janeiro, proponho repetir o programa realizado em Veneza em concomitância com um falatório por meio do qual algumas das questões que informam a ação e a visualidade da performance possam também encontrar um dizer. Parto da frase “Não existe o pós-colonial” para produzir, a um só tempo, um discurso crítico das narrativas contemporâneas acerca dos corpos, vidas e sensibilidades situadas nas ex-colônias, uma reflexão sobre as interseções possíveis entre performance e decolonialidade e sobre os limites da politização da arte no contexto narrativo do pós-tudo, e uma ficcionalização distópica do assim chamado “mundo pós-colonial” com vistas às histórias reais de populações precarizadas neste início de século.