Rodrigo Andreolli

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Carta a minha amiga:

“…Esta residência aqui gera um espaço de transição e reorganização interna, é uma continuidade do exercício da presença colaborativa e curiosa, experimentando estruturas de trabalho, de vida. Essa experiência também coloca em perspectiva minha trajetória, meu corpo, minhas práticas e torna palpável as reverberações que me trouxeram até aqui. Estou tentando aprender a direcionar minha atenção para olhar mais de perto quais questões me impulsionam a ação, que gestos eu coloco ou quero colocar no mundo e o que resulta desta interação. Tenho vontade de dançar, acho que quando danço alguma coisa acontece. Mas sinto que na maior parte das vezes essa coisa de criar peça/espetáculo mata a dança. Então como dançar e manter a dança viva nesse esquemão do mundo da arte? Talvez fora dele. Como fazer do corpo o instrumento de transformação do pensamento morto? Como manter-se vibrando os ecos de um campo de criação coletiva, comunicação que atravessa estruturas obsoletas, que traspassa tudo, que liga tudo? 

+

 

Ontem olhei a lua formando um caminho no mar e percebi a concretude desse coisa que é a lua. E como não dá pra viver neste mundo sem olhar pra ela, sem saber dela e sem sentir seu movimento, que influencia tudo aqui. Ela fica lá olhando pra gente o tempo todo e se aproxima e se distancia, tudo muda por conta desta relação. Tudo no mundo é assim. A lua é um destes elementos. Ficou forte pra mim também essa relação da lua, das divindades pagãs, das manifestações divinas no que é concreto. A luz da lua fazia o caminho prata-dourado na superfície da água e também penetrava as ondas pra além da minha visão criando curvas de luz no escuro-azul do mar. Essa mesma luz tocava a terra e o meu corpo numa linha que cortava  e ligava tudo ao mesmo tempo. E essa lua que baixava no horizonte, quase tocando o mar, naquele mesmo momento lançava seu corte sobre outras águas, terras e corpos. Pensei que aquela mesma luz que me tocava, toca também você aí. Deste lugar quero dançar.

 

[no mar Egeu, entre Hydra e Pireos, em 08/maio/2017]” 

-


Rodrigo Andreolli

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Carta a minha amiga:

“…Esta residência aqui gera um espaço de transição e reorganização interna, é uma continuidade do exercício da presença colaborativa e curiosa, experimentando estruturas de trabalho, de vida. Essa experiência também coloca em perspectiva minha trajetória, meu corpo, minhas práticas e torna palpável as reverberações que me trouxeram até aqui. Estou tentando aprender a direcionar minha atenção para olhar mais de perto quais questões me impulsionam a ação, que gestos eu coloco ou quero colocar no mundo e o que resulta desta interação. Tenho vontade de dançar, acho que quando danço alguma coisa acontece. Mas sinto que na maior parte das vezes essa coisa de criar peça/espetáculo mata a dança. Então como dançar e manter a dança viva nesse esquemão do mundo da arte? Talvez fora dele. Como fazer do corpo o instrumento de transformação do pensamento morto? Como manter-se vibrando os ecos de um campo de criação coletiva, comunicação que atravessa estruturas obsoletas, que traspassa tudo, que liga tudo? 

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Ontem olhei a lua formando um caminho no mar e percebi a concretude desse coisa que é a lua. E como não dá pra viver neste mundo sem olhar pra ela, sem saber dela e sem sentir seu movimento, que influencia tudo aqui. Ela fica lá olhando pra gente o tempo todo e se aproxima e se distancia, tudo muda por conta desta relação. Tudo no mundo é assim. A lua é um destes elementos. Ficou forte pra mim também essa relação da lua, das divindades pagãs, das manifestações divinas no que é concreto. A luz da lua fazia o caminho prata-dourado na superfície da água e também penetrava as ondas pra além da minha visão criando curvas de luz no escuro-azul do mar. Essa mesma luz tocava a terra e o meu corpo numa linha que cortava  e ligava tudo ao mesmo tempo. E essa lua que baixava no horizonte, quase tocando o mar, naquele mesmo momento lançava seu corte sobre outras águas, terras e corpos. Pensei que aquela mesma luz que me tocava, toca também você aí. Deste lugar quero dançar.

 

[no mar Egeu, entre Hydra e Pireos, em 08/maio/2017]” 

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