Alpendre

Conversa com Eduardo Frota e Helmut Batista
Alpendre / Espaço de artes que existiu em Fortaleza. Eduardo Frota, junto com Beatriz Furtado, Alexandre Veras, entre outros, foi um dos integrantes que alavancou o Alpendre.

Diz no jornal O POVO do dias 12/12/2012.
O mês de dezembro marca a história do Alpendre. Foi nessa época, treze anos atrás, que a Casa de Arte, Pesquisa e Produção nasceu. E é agora, na correria dos dias para alcançar o próximo ano, que a ONG encerra, definitivamente, suas atividades. Palco para a expressão contemporânea de diversas linguagens – da dança à literatura, das artes visuais ao cinema, do teatro à música -, o espaço reuniu incontável número de artistas cearenses e de outros lugares que por ali passaram desde 1999. No entanto, cansados de alternar dissabores e alegrias na luta pela manutenção de um equipamento cultural independente em Fortaleza, o realizador audiovisual Alexandre Veras e a coreógrafa Andréa Bardawil, diretores da ONG, anunciaram o fim do Alpendre. A despedida, que vem acontecendo com programação intensa desde o último dia 7, só termina amanhã, na “festa de finalização”. Oportunidade para celebrar mais que lamentar. Sim, porque, apesar da dificuldade de garantir as portas abertas, ano após ano, sempre dependendo de editais e projetos que garantissem a subsistência do Alpendre; dos problemas com a violência, o trânsito difícil e a desordenação da área onde se encontra – na rua José Avelino -; além da especulação imobiliária naquela região, responsável pela proposta de um aluguel para 2013 180% mais alto que o deste ano; o equipamento resistiu. Continuou oferecendo acesso gratuito às atividades; formou uma leva de artistas das mais diversas áreas que hoje fazem a arte cearense; ampliou as chances de jovens de comunidades como o Poço da Draga e o Serviluz que, após passarem pelo Alpendre, conheceram e conseguiram se inserir no mercado ligado à produção artística.

Ainda assim, diz Alexandre, há um cansaço. “É um cansaço de insistir. Aqui, nesse lugar, não existem condições pra existir e não nos parece que o poder público está muito interessado nisso”, complementa Andréa, reiterando que “não é uma desistência, mas um deixar para a cidade a pergunta: qual é a necessidade de um espaço como esse?”. Para ela, “não se trata mais de manter o equipamento aberto a qualquer custo”, é preciso uma política pública que, concorda o companheiro de Alpendre, “constitua uma zona de possível em que as pessoas não tenham medo de fazer empreendimentos como esse”.


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